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Taquicardia ventricular: principal características, sintomas e tratamento

Taquicardia ventricular é sempre considerada perigosa, tratando-se de uma atividade de alta frequência que impossibilita com que o coração efetue a estimulação que parte do nó sinusal. Ocasionada por estímulos de um foco ectópico, presente nos ventrículos, é quase sempre decorrente de algum tipo de cardiopatia.

Pelo fato de ouvir exclusivamente o foco ectópico que parte da região ventricular, o coração para de se contrair aos estímulos vindos do nó sinusal. Em meio à alta frequência cardíaca, o órgão começará a bater de maneira que o ventrículo consequentemente se contrairá mais rapidamente, impossibilitando com que o fluxo sanguíneo seja gerado.

O que diferencia extrassístoles e taquicardia ventricular

Com características parecidas entre as duas condições, é comum a ocorrência de contrações extras produzidas pelos ventrículos. Pelo fato do estímulo em questão gerar frequência cardíaca acelerada, acaba levando a consecutivas estimulações, fazendo com que ocorra uma sequência de extrassístoles, que pode ser interpretada pelo médico como uma ventricular.

A taquicardia ventricular, por sua vez, ocorre quando há uma sequência igual ou superior a três extrassístoles ventriculares seguidas. Caso uma extrassístole ocorra de forma isolada, a condição é considerada de normalidade.

Quando há a partir de três extrassístoles consecutivas ou em número ainda maior, trata-se de um ritmo cardíaco preocupante, necessitando tratamento imediato. Sempre que o indivíduo apresenta estimulação elétrica atípica, é indicativo de que o foco ectópico está provocando a região muscular, causando a taquicardia ventricular.

Como a taquicardia ventricular pode ser classificada

A seguir estão as formas apresentadas deste tipo de taquicardia. Veja:

Taquicardia ventricular sustentada:

A forma sustentada é caracterizada por uma arritmia que se estende por mais de 30 segundos.

Taquicardia ventricular não sustentada:

Acontece quando se observa uma sequência composta por contrações ventriculares que duram menos de 30 segundos.

Taquicardia ventricular monomórfica:

Quando ao menos um dos complexos QRS é superior a 0,12 segundos, apresentando a mesma morfologia. A frequência cardíaca, por sua vez, é maior do que 100 bpm (batimentos por minuto). Neste caso, tanto os inícios, quanto os finais podem ocorrer ou não de maneira súbita.

Taquicardia ventricular polimórfica:

Ocorre quando os complexos QRS demonstram-se alargados, com a peculiaridade de apresentarem morfologias múltiplas. Verifica-se a ocorrência de diminuição e aumento, de forma progressiva, dos complexos. Em outras palavras, tanto a intensidade elétrica, quanto a força, passam por aumento e diminuição de modo consecutivo.

Os ritmos ventriculares, contudo, são classificados como um tipo de parada cardíaca pelo fato de não representarem batimentos cardíacos de fato, pois não produzem fluxo sanguíneo para o cérebro e restante do corpo. Desse modo, é preciso que o paciente seja imediatamente atendido.

É importante pontuar que todo tipo de taquicardia ventricular causa sintomas parecidos. A taquicardia ventricular sustentada, no entanto, é considerada de maior gravidade, pois pode levar à fibrilação ventricular, tratando-se de uma condição em que há contração desordenada do coração, podendo culminar em parada cardíaca.

Conheça os sintomas presentes nesta condição

Em determinados indivíduos, este tipo de taquicardia pode não apresentar sintomas, sobretudo quando sua duração é breve ou sua ocorrência não se dá de maneira frequente. A situação se modifica quando há maior dificuldade para que o coração bombeie sangue para todo o corpo de modo adequado. Neste caso, os sintomas mais frequentes são:

  • Desmaios;
  • Expressiva fraqueza;
  • Dores no peito;
  • Dispneia;
  • Tonturas;
  • Pulso acelerado;
  • Palpitação cardíaca.

Vale assinalar que quando os sintomas se estendem por mais de 30 segundos, há risco aumentado para a ocorrência de parada cardíaca, podendo resultar em morte súbita cardíaca. Por essa razão, ao perceber qualquer sintoma de taquicardia ventricular, é importante que a pessoa procure atendimento médico rapidamente.

De que modo é realizado o diagnóstico da taquicardia ventricular

O cardiologista levará em consideração o relato de sintomas, bem como o histórico familiar do paciente. Assim como a realização de exame clínico, o médico também poderá solicitar exames como Holter, eletrocardiograma, tomografia computadorizada, ecodopplercardiograma, ressonância magnética, raios-X e angiografia.

Fatores de risco para este tipo de taquicardia

Ocasionada pelo fato de haver interrupção de impulsos elétricos cardíacos, que efetuam o controle do bombeamento sanguíneo para os pulmões e restante do corpo, a taquicardia ventricular pode surgir em face dos seguintes fatores:

  • Desequilíbrio de eletrólitos, principalmente o potássio;
  • Ocorrência de infarto;
  • Deformidades congênitas no coração;
  • Cardiopatia hipertrófica;
  • Cardiopatia dilatada;
  • Utilização de antibióticos e antiarrítmicos;
  • Miocardite;
  • Uso de metanfetamina ou cocaína;
  • Obstrução coronariana e outros problemas arteriais.

Quando não é possível a identificação do fator causador da taquicardia ventricular, esta é chamada de “idiopática”.

Saiba como o tratamento desta ocorrência é feito

Dentre os principais tratamentos adotados para a taquicardia ventricular, destacam-se os elencados abaixo:

  • Cardioversão: Trata-se de uma espécie de “choque elétrico” que é aplicado com o emprego de desfibrilador, consistindo em um tratamento hospitalar.
  • Cardiodesfibrilador implantável: Semelhante a um marcapasso, este aparelho é implantado por meio de procedimento cirúrgico, sendo recomendado para pessoas com elevado risco de sucessivos episódios de taquicardia ventricular.
  • Tratamento medicamentoso: O cardiologista poderá prescrever medicamentos como betabloqueadores ou bloqueadores dos canais de cálcio e antiarrítmicos. A recomendação é feita quando o paciente, ainda que não tenha sintomas, apresente episódios com duração superior a 30 segundos.
  • Ablação por cateter: Neste caso, por meio de um procedimento cirúrgico, o médico realiza a inserção de um cateter em uma artéria ou veia do braço, pescoço ou virilha, para que o coração seja alcançado para a realização de radiofrequência.
  • Cirurgia cardíaca: Costuma ser indicada pelo médico quando o tratamento conservador não surte o efeito esperado. Além disso, pode ser recomendada pelo especialista para o paciente que possui algum tipo de deformidade em vasos ou válvulas cardíacas.

O que a taquicardia ventricular pode causar

A falta de tratamento adequado pode levar o paciente às seguintes condições:

  • Insuficiência cardíaca;
  • Desmaios;
  • Parada cardíaca;
  • Morte súbita cardíaca.
Dr. Ricardo Contesini

Médico cardiologista esportivo, especialista em cardiologia do esporte. Pós graduado em medicina esportiva pela Universidade Federal de São Paulo.

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