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Síndrome de Brugada: o que é, sintomas e tratamentos

Síndrome de brugada, também conhecida como “Brugada Syndrome”, foi relatada pelos irmãos Pedro e Josep Brugada, após avaliação de 8 indivíduos que passaram por recuperação de parada cardiorrespiratória e apresentaram elevação do chamado “segmento ST”.

Vale destacar que, conforme o estudo dos irmãos Brugada, tais pacientes apresentavam a elevação do segmento ST nas derivações precordiais direitas, mas sem que houvesse quadro de cardiopatia estrutural.

Conforme VUTTHIKRAIVIT, W. et al., trata-se de uma doença genética em que se observa canalopatia de grandes ondas no ponto J, apresentando supradesnível do segmento ST, em formato de cúpula. A onda T, por sua vez, apresenta inversão nas derivações V1-V3. Em consequência, verifica-se o aumento de risco de desenvolvimento de taquicardia ventricular, além de fibrilação ventricular.

Em face dos eventos que desencadeia, a síndrome pode levar o paciente a síncopes e ao risco de morte súbita. Há diversos métodos para diagnóstico desta doença, como o ECG e os testes genéticos, além de tratamentos que são indicados pelo médico, de acordo com cada caso.

Estima-se que a síndrome de Brugada atinja 5 em 10 mil indivíduos, sendo mais observada em localidades do Sudeste Asiático e Oriente Médio. Na Europa e na América do Norte, entretanto, os casos são mais raros. Além disso, é importante salientar que 85% das pessoas acometidas por esta doença são do sexo masculino.

Como a síndrome de Brugada é caracterizada

Considerada uma doença autossômica dominante, é resultante de mutações que aumentam correntes de saída de potássio, ao passo que reduzem as correntes de sódio ou cálcio. Como resultado, há perda de forma precoce do platô relativo ao potencial de ação, favorecendo ocorrências como as taquiarritmias ventriculares.

Não se verificam, contudo, alterações nas estruturas cardíacas, mas a síndrome pode se relacionar com cardiopatias adquiridas e genéticas. Dessa forma, a doença é cada vez mais reconhecida como de sobreposição de síndromes como a de QT longo do tipo 3.

Saiba quais são os sinais relativos a esta doença

Apesar de ser assintomática em alguns casos, os pacientes poderão apresentar síncopes e, em quadros mais graves, morte súbita cardíaca ocasionada por taquicardia ventricular e fibrilação ventricular. Em se tratando de arritmias ventriculares, a morte súbita poderá ocorrer enquanto o indivíduo dorme.

Cerca de 10% das pessoas com esta condição apresentam taquiarritmias atriais, havendo predominância de fibrilação atrial.

Não há relação da síndrome com a realização de exercícios físicos. Os sintomas também poderão ser desencadeados após a ocorrência de febre, bem como depois do indivíduo fazer uso de determinados medicamentos, como betabloqueadores, antipsicóticos, antidepressivos e lítio. Substâncias como cocaína e álcool também representam fatores de risco para a ocorrência dos sintomas desta doença.

Os principais métodos para o diagnóstico da síndrome

Alguns dos exames empregados para diagnosticar a doença são os seguintes:

  • Exame genético;
  • Eletrocardiografia;
  • Teste provocativo para indução de sintomas;
  • Avaliação da história familiar.

Em pacientes que apresentam síncopes de natureza inexplicável, bem como em parada cardíaca, o diagnóstico também é necessário, mesmo que o indivíduo não apresente cardiopatias.

A abordagem diagnóstica inicial consiste no padrão de ECG para Brugada tipo 1. Este padrão apresenta supradesnível do segmento ST, que é proeminente em V1 e V2, também se relacionando a V3, em alguns casos. Este método é caracterizado por complexos QRS que se assemelham a bloqueio de ramo direito nas derivações em questão.

O segmento ST, por sua vez, se mostra arqueado, de forma a descer para uma onda T invertida. Vale ressaltar que somente um padrão espontâneo, no que diz respeito ao tipo 1, é considerado para diagnóstico da doença, conforme a classificação de Xangai.

Os graus tipos 2 e 3 de Brugada não são considerados parâmetros para se diagnosticar esta síndrome, pois estes podem se alterar espontaneamente após respostas medicamentosas ou febres. As pontuações, contudo, passaram a ser adotadas para auxílio em se tratando de quadros limítrofes. Nesses casos, entretanto, o diagnóstico é possível, sobretudo após verificação do histórico clínico familiar.

Para determinados casos, o médico poderá recomendar a realização de testes genéticos. Estes, no entanto, apresentam baixo rendimento, estimado em 20%. Além disso, o diagnóstico poderá consistir na exclusão de outras condições, como bloqueio de ramo direito, hipocalcemia, hipotermia e outros eventos.

Confira informações sobre o tratamento da síndrome de Brugada

O tratamento desta condição pode ser realizado por meio de:

  • Triagem abordando-se familiares do paciente;
  • Emprego de cardioversor-desfibrilador implantável.

Na maioria dos casos, indivíduos que apresentem padrão de ECG tipo 1 de Brugada, seja de forma provocada ou espontânea, bem como síncopes inexplicáveis e parada cardíaca, deverão se submeter ao procedimento para implante do cardioversor-desfibrilador, também conhecido como “CDI”.

Para pacientes em que há a necessidade de supressão das descargas do CDI, o bloqueio da corrente transitória de saída do potássio por meio da utilização de quinidina costuma ser um recurso empregado por especialistas.

O isoproterenol IV, por sua vez, também tem sido utilizado para arritmias que são recorrentes. Já para os casos em que o paciente se mostra refratário a este tratamento, realiza-se a ablação do substrato arritmogênico através de cateter.

No que diz respeito aos pacientes cujo diagnóstico se deu por meio da observação de alterações no ECG, bem como do histórico familiar sem arritmias ou síncopes, ainda não há consenso sobre o tratamento mais eficiente, apesar do risco aumentado de morte súbita. Dessa maneira, foram elaborados sistemas de pontuação para auxílio nesses casos.

Apesar de não ser possível evitar esta síndrome, o paciente deverá monitorar doenças que desencadeiam febre, bem como evitar a utilização de bebidas alcoólicas e cocaína.

Dr. Ricardo Contesini

Médico cardiologista esportivo, especialista em cardiologia do esporte. Pós graduado em medicina esportiva pela Universidade Federal de São Paulo.

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