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Miocardite: o que é, sintomas e tratamento

Miocardite é uma inflamação que ocorre no miocárdio, também conhecido como a parede do coração. A miocardite pode causar a destruição do tecido muscular, gerando alterações temporárias ou permanentes neste órgão.

Uma pessoa pode desenvolver miocardite pelos mais diversos motivos, não sendo uma enfermidade de caráter genética ou exclusiva de quem dispõe de alguma doença cardíaca. Alguém saudável, mas que fuma em excesso, utiliza entorpecentes ilícitos ou bebe álcool pode ser acometido com esse problema, tais como quem já dispõe de outros problemas de saúde, mesmo que não faça uso das substâncias citadas.

Além disso, a medicina tem concluído que miocardite é uma das sequelas em alguns pacientes que tiveram Covid-19 grave.

É muito importante não confundir miocardite com pericardite. Enquanto a primeira é uma inflamação do miocárdio, na segunda ocorre uma inflamação do revestimento externo do coração. As duas enfermidades também possuem sintomas e causas parecidas, porém, com diferenças entre si.

Causas da miocardite

Como dito anteriormente, as razões pelas quais alguém é acometido com a inflamação do miocárdio são bem amplas. Infecções virais e por bactérias são possíveis causas do problema, mas não são as únicas causas. Abaixo, listamos as principais causas:

  • Consumo de drogas ilícitas (principalmente cocaína);
  • Consumo excessivo de álcool;
  • Doenças autoimunes, como lúpus;
  • Uso de alguns antibióticos;
  • Uso de alguns quimioterápicos;
  • Doenças parasitárias, tais como toxoplasmose e chagas;
  • Automedicação com alguns antimicrobianos durante processos inflamatórios;
  • Efeito colateral de algumas vacinas, tais como contra influenza e varíola;
  • Radioterapia torácica.

Eventualmente, outras causas não muito frequentes poderão ser descobertas após investigação de cada caso clínico através de exames. Acima foram descritas as causas mais comuns na maioria dos pacientes.

Sintomas da miocardite

Pessoas acometidas com miocardite podem demorar para descobrir o problema, já que nem sempre há sintomas. O bom é que na maioria dos casos assintomáticos, o problema se resolve naturalmente e sem sequelas. Em grande parte dos casos a pessoa desenvolve uma miocardite viral decorrente de algum problema digestivo ou respiratório, como no caso de covid.

Não significa que ter um problema respiratório ou digestivo é o motivo para desenvolver uma miocardite, entretanto, quando ocorre uma infecção nessas áreas, as chances de desenvolver a enfermidade é bem alta. Após o paciente sofrer uma infecção bacteriana, parasitária ou por fungos, também entra para o grupo de risco para eventual desenvolvimento da inflamação do miocárdio. Claro que todo caso deve ser avaliado individualmente para melhor diagnóstico e tratamento.

O paciente pode apresentar sintomas logo que adoece ou demorar um pouco mais, não havendo um padrão. De uma forma geral, paciente sintomáticos relatam sentir:

  • Falta de ar;
  • Palpitações;
  • Pernas e pés inchados;
  • Tonturas;
  • Dor nas articulações e no peito;
  • Cansaço intenso, mesmo sem fazer muito esforço.

Vale destacar que esses sintomas podem também ser sinais de outras enfermidades. Por isso, ao perceber um ou mais sintomas e principalmente se tem passado por uma infecção viral, bacteriana, fúngica ou parasitária no momento ou se curou recentemente, é de suma importância procurar um hospital ou clínica para a realização de exames e assim descobrir se há esta ou outra doença, a fim de iniciar o quanto antes o tratamento correto com acompanhamento médico.

Além dos sintomas já descritos, crianças com miocardite podem apresentar outros sintomas, como febre, respiração ofegante e algumas chegam a desmaiar. É importante ressaltar que sintomas que persistem por mais de três dias precisam ser investigados a fundo, pois durante a infecção, o coração acaba tendo dificuldade para fazer o bombeamento correto do sangue, o que pode ainda desencadear uma insuficiência cardíaca ou arritmia.

Diagnóstico de miocardite

A suspeita de miocardite pode ser confundida com outas condições cardíacas, sendo necessária a realização de exames para ter certeza do diagnóstico. O médico cardiologista fará o exame físico, e se possível, analisará o histórico médico do paciente. Exames de imagem como raio-x, ecocardiograma, ressonância magnética e eletrocardiograma também podem ser solicitados.

Concomitante aos exames de imagem, para identificar esse problema de coração é necessária a realização de exames laboratoriais, como dosagem de PCR, VSH, CK-MB, troponina e leucograma. Tais exames são de suma importância, pois identificam a infecção e conseguem avaliar se a mesma foi capaz de causar algum dano no coração ou se foi localizada no organismo sem afetar p órgão.

Em alguns casos, como o de miocardite de células gigantes, o médico pode solicitar uma biópsia do tecido cardíaco, a fim de ter certeza de que existe a miocardite e se a doença está em avançada ou no começo.

A miocardite de células gigantes é um tipo raro de miocardite, que se inicia rapidamente e embora não haja um consenso na literatura médica ainda, tudo indica que tenha procedência autoimune.É um caso com diagnóstico reservado e que pode ser muito perigoso ao paciente, já que gera um choque cardiogênico no paciente.

Miocardite tem curta?

Sim, a miocardite tem cura. Ao tratar a infecção, a mesma se cura e acaba o problema. O músculo cardíaco leva um pouco mais de tempo para se recuperar do que outra parte do corpo, de forma que mesmo com o tratamento adequado, o paciente sentirá melhora dos sintomas em dias ou semanas, a depender de cada caso.

Nos casos mais graves, o tratamento será mais rigoroso e o acompanhamento médico se torna obrigatório durante todo o processo. Nos casos mais graves de sucesso, existe a possibilidade de o paciente ter de tratar uma eventual sequela, mas não a infecção, que já estará curada.

Tratamento

Curiosamente, nos casos mais brandos da doença, a miocardite poderá se curar naturalmente após a cura da infecção causadora do problema. Mesmo nesses casos brandos, é essencial o acompanhamento médico, além de muito repouso, pois mesmo nos casos leves, poderá o problema evoluir para algo grave e causar o óbito do paciente.

Primeiramente, é preciso identificar a origem da miocardite para que seja tratado o problema adjacente. A depender de cada caso, o médico poderá prescrever antivirais, antibióticos e/ou antifúngicos. No caso de infecções que intervenham no funcionamento normal do coração, também poderá ser rescrito medicamentos de apoio ao músculo cardíaco durante todo o tratamento.

O tempo do tratamento depende de cada caso, mas sendo feito corretamente, tende a não ser demorado. Salvo o tratamento para eventuais sequelas, que pode ser temporário ou permanente. Pacientes acometidos com miocardite grave, do qual a função do coração está comprometida, poderão ficar internados durante o tratamento para melhor acompanhamento médico.

Embora seja muito raro, existem casos em que a inflamação se agrava tanto que o paciente precisa passar por um transplante de coração.

Diante das possibilidades de tratamento aqui apresentadas, fica claro que não existe uma abordagem clínica padrão. Isso porque o tratamento sempre depende do caso de cada paciente, que pode variar muito de acordo com a gravidade do problema.

Miocardite deixa sequelas?

Depende. Na grande maioria dos casos, o paciente que teve miocardite se cura e não tem qualquer tipo de sequela. Alguns pacientes, nos casos leves, nem mesmo ficam sabendo que tiveram o problema. Já nos casos graves, existe o risco de a inflamação gerar uma lesão no músculo cardíaco que pode ser permanente.

Nesses casos em especifico, existe sim o risco de sequela como desenvolver pressão alta ou insuficiência cardíaca. E é justamente nesses casos que o médico cardiologista indicará medicamentos de uso contínuo ou por meses, a depender de cada caso, com o objetivo de recuperar ou manter a qualidade de vida do paciente.

Prevenção

Embora em alguns casos não seja possível evitar completamente o acometimento desta ou outras enfermidades, na maioria dos casos a melhor forma de prevenir é:

  • Evitar se aglomerar se estiver com alguma infecção viral;
  • Usar máscara e manter as mãos limpas quando estiver com problemas respiratórios;
  • Não usar antimicrobianos sem prescrição médica quando estiver com infecções virais, bacterianas ou fúngicas;
  • Alimentar-se bem e tratar adequadamente problemas de saúde já existentes, tais como doenças cardíacas e que atingem a imunidade natural do organismo.
Dr. Ricardo Contesini

Médico cardiologista esportivo, especialista em cardiologia do esporte. Pós graduado em medicina esportiva pela Universidade Federal de São Paulo.

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