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Insuficiência mitral discreta: o que é, sintomas e tratamento

Insuficiência mitral discreta é uma condição decorrente de um defeito na válvula mitral do coração. Essa válvula mitral é a estrutura responsável pela separação entre o átrio esquerdo do ventrículo esquerdo. Esse defeito faz com que a válvula mitral não consiga se fechar completamente, permitindo que um pouco de sangue volte para os pulmões em vez de sair do coração para irrigar o restante do corpo.

A insuficiência mitral é subdividida em três categorias, já que esse problema cardíaco é livre de tratamento em algumas situações, bem como o tratamento é distinto entre aqueles que precisam de acompanhamento médico frequente. Os tipos são os seguintes:

  • Insuficiência mitral discreta ou leve: esse tipo não possui sintomas, não tem gravidade e em quase 100% dos casos é descoberto durante exames de rotina ou quando se está investigando outro problema. A insuficiência mitral leve não requer tratamento e na maioria dos casos não evolui para um problema mais grave. Geralmente o médico consegue perceber alguma alteração nesses casos quando faz a ausculta dos batimentos cardíacos do paciente. É um tipo bastante comum e que dispensa cuidados especiais.
  • Insuficiência mitral moderada: nesse caso há sintomas, mas não é considerada uma condição grave. O paciente pode se queixar de cansaço repentino esporádico. O médico poderá prescrever medicamentos há cada seis ou doze meses, bem como a realização de raio-x e eletrocardiograma periódico, a fim de avaliar se não houve uma piora na insuficiência mitral.
  • Insuficiência mitral grave ou severa: pacientes acometidos com a insuficiência mitral severa podem se queixar de inchaço nos tornozelos e pés, tosse e falta de ar. Por se tratar de uma condição grave, a depender da condição de saúde de cada paciente, o médico cardiologista poderá indicar a realização de uma cirurgia que visa corrigir ou substituir a válvula mitral. Vale destacar que nem todo paciente pode realizar essa cirurgia, pois depende muito da idade e da saúde geral da pessoa. Além disso, o paciente terá de fazer uso de terapia medicamentosa continua, independente da indicação cirúrgica.

Causas da insuficiência mitral

Uma insuficiência mitral pode ter diferentes causas. Em muitos casos ela se origina de forma aguda após a ruptura de um músculo cardíaco. Essa ruptura geralmente é decorrente de uma endocardite infecciosa ou um infarto do miocárdio. Doenças como febre reumática, degeneração mixomatosa, doença de Barlow, outros tipos de infecções cardíacas além da endocardite, também podem originar uma insuficiência mitral.

Pacientes que já possuem insuficiência cardíaca podem desenvolver uma insuficiência mitral. Tanto um infarto, quanto a insuficiência cardíaca podem desencadear uma insuficiência mitral secundária.

Sintomas

A insuficiência mitral discreta ou leve não possui sintomas, enquanto a moderada e severa apresenta variados sintomas, sendo eles:

Vale destacar que nem todo paciente possui todos os sintomas citados. Além disso, quanto mais sintomas, maiores são os riscos de existir uma insuficiência mitral severa ou até mesmo outra doença cardíaca.

Diagnóstico

Além da avaliação clínica, o cardiologista irá analisar o histórico clinico do paciente e solicitar alguns exames complementares, como tomografia computadorizada, eletrocardiograma, ressonância magnética, radiografias e ecocardiograma. Em alguns casos o médico também poderá solicitar um teste ergométrico. Em último caso, um cateterismo poderá ser indicado para avaliar e identificar eventuais danos nas válvulas cardíacas.

Tratamento

Embora na maioria das vezes pessoas sem sintomas apresentem insuficiência mitral discreta ou leve e não precisem de tratamento, o American College of Cardiology (Colégio Americano de Cardiologia) e a American Heart Association (Associação Americana do Coração), tem recomendado que esses pacientes assintomáticos, porém com a condição grave da doença, se tratem, pois há risco de mortalidade.

O tratamento para esse problema cardíaco é principalmente a base de medicamentos, que podem variar entre diuréticos, anti-hipertensivos para evitar o aumento da pressão arterial, e anticoagulantes, principalmente nos casos de fibrilação atrial.

Em último caso e em situações muito especificas e minuciosamente analisadas pelo médico, uma cirurgia poderá ser indicada. Essa cirurgia não é necessária em casos leves e moderados, mas quando indicado para pacientes com insuficiência grave, o objetivo é fazer a correção ou substituição da válvula mitral.

Recomendações durante o tratamento de insuficiência mitral

O paciente que estiver em tratamento de uma insuficiência mitral deverá realizar algumas mudanças em seus hábitos, tais como:

  • Realizar atividade física apenas com recomendação médica ou supervisão de um profissional;
  • Não fumar;
  • Não engordar ou emagrecer se estiver acima do peso;
  • Se alimentar de forma saudável;
  • Evitar ao máximo o consumo de bebidas que contenham cafeína ou álcool;
  • Realizar acompanhamento médico período para manter a pressão arterial controlada.

Há dois casos em particular que precisam de atenção especial. Gestantes e pessoas que precisam fazer algum tratamento odontológico. Uma mulher com insuficiência mitral que deseja ser mãe, deve procurar um médico para avaliar a condição de sua válvula mitral e saber se ela aguenta uma gestação.

Isso porque durante a gravidez o coração da mulher trabalha mais do que o habitual e em casos mais graves da insuficiência mitral pode ocorrer uma complicação.

Já quem passou por uma valvuloplastia e necessita realizar um tratamento odontológico, será necessária a prévia prescrição médica de antibióticos, a fim de evitar uma endocardite infecciosa, também conhecida como infecção na válvula cardíaca.

Dr. Ricardo Contesini

Médico cardiologista esportivo, especialista em cardiologia do esporte. Pós graduado em medicina esportiva pela Universidade Federal de São Paulo.

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