No início da pandemia, os epidemiologistas fizeram uma observação surpreendente. Em comparação com a população em geral, as pessoas com doença cardiovascular (DCV) tinham mais do que o dobro de probabilidade de contrair formas graves do novo corona vírus (COVID-19). Nas ultimas semanas o Brasil tem aumentado o número de infectados e de mortes e as doenças cardiovasculares são um preditor de má evolução. Por que pacientes cardiopatas apresentam mais problemas após contrair COVID-19? Após a COVID-19 temos mais chances de afetar o coração?
Algumas doenças crônicas e fatores de risco, como diabetes, aumentam o risco de COVID-19 grave ao suprimir o sistema imunológico; outros, como a asma, aumentam o risco ao enfraquecer os pulmões. No entanto, nos primeiros meses da pandemia não estava totalmente claro como as DCV aumentavam o risco de COVID-19 grave. Agora temos duas explicações.
A primeira é que doenças cardíacas pré-existentes, como músculo cardíaco danificado ou vasos sanguíneos obstruídos, enfraquecem a capacidade do responder ao estresse da doença. O coronavirus pode induzir febre, baixar a saturação de oxigênio, alterar os níveis pressóricos e causar distúrbios de coagulação; todas as situações que podem agravar o quadro de pacientes que já apresentam problemas cardiovasculares.
Uma segunda explicação está relacionada à saúde metabólica do individuo, que é mais comum em pessoas com doenças cardíacas. A má saúde metabólica refere-se a doenças como diabetes tipo 2 ou pré-diabetes e obesidade, que causam inflamação e risco de coágulos sanguíneos, agravando os efeitos do COVID-19 e aumentando a probabilidade de complicações devastadoras do COVID-19.
O vírus SARS-CoV-2 pode causar danos ao coração de várias maneiras. Por exemplo, o vírus pode invadir ou inflamar como uma ação direta do músculo cardíaco e pode prejudicar indiretamente o coração ao interromper o equilíbrio entre o suprimento e a demanda de oxigênio. Lesão cardíaca, que pode ser medida por níveis elevados da enzima troponina na corrente sanguínea, foi detectada em cerca de um quarto dos pacientes hospitalizados com doença COVID-19 grave. Destes pacientes, cerca de um terço tem DCV pré-existente.
A maioria das pessoas com COVID-19 terá sintomas leves e se recuperará totalmente. No entanto, cerca de 20% desenvolverão pneumonia e cerca de 5% desenvolverão doença grave. Na forma grave de COVID-19, o sistema imunológico do corpo reage exageradamente à infecção, liberando moléculas inflamatórias chamadas citocinas na corrente sanguínea. Essa chamada “tempestade de citocinas” pode danificar vários órgãos, incluindo o coração.
A inflamação do músculo cardíaco, chamada miocardite, geralmente ocorre apenas em pacientes com doença COVID-19 avançada. A miocardite pode resultar da invasão direta do coração pelo próprio vírus ou, mais comumente, por inflamação causada por tempestade de citocinas. Quando isso ocorre, o coração pode ficar dilatado e enfraquecido, levando à diminuição da pressão arterial e de fluidos nos pulmões inclusive com aparecimento da Insuficiência cardíaca. Embora essa forma grave de miocardite seja rara, estudos recentes sugeriram que uma forma mais branda de inflamação do músculo cardíaco pode ser muito mais comum do que se reconhecia anteriormente. Um estudo recente mostrou que a inflamação assintomática do coração foi observada na ressonância magnética em até três quartos dos pacientes que se recuperaram de COVID-19 grave.
Febre e infecção aceleram a frequência cardíaca, aumentando o trabalho do coração em pacientes com COVID-19 que desenvolvem pneumonia. A pressão sanguínea pode diminuir ou aumentar, causando mais estresse no coração, e o aumento resultante na demanda de oxigênio pode levar a danos ao coração, especialmente se as artérias ou músculos do coração já apresentarem problemas anteriores.
Os danos ao coração são mais frequentemente causados por infarto agudo do miocárdio, que resultam da formação de um coágulo sanguíneo em uma artéria cardíaca, bloqueando o fornecimento de oxigênio ao músculo cardíaco.
A inflamação relacionada ao COVID-19 aumenta o risco desse tipo de infarto, ativando o sistema de coagulação do corpo e lesionando o endotélio. Quando inflamado, o endotélio perde sua capacidade de resistir à formação de coágulos. Esses coágulos sanguíneos nas grandes e pequenas artérias do coração interrompem seu suprimento de oxigênio. O aumento da tendência à coagulação também pode levar à formação de coágulos sanguíneos nos pulmões, o que pode causar uma queda nos níveis de oxigênio no sangue. A pneumonia grave diminui ainda mais o oxigênio no sangue. Quando a necessidade de oxigênio excede o suprimento, o músculo cardíaco é danificado.
Pessoas com DCV que adotam comportamentos saudáveis podem fortalecer suas defesas contra COVID-19 ao mesmo tempo em que reduzem o risco de longo prazo de doenças cardiovasculares. Isso significa muita atividade física e seguir uma dieta saudável. Cozinhe em casa quando puder e caminhe ao ar livre com amigos se sua academia estiver temporariamente fechada. Compre um monitor barato e fácil de usar para medir sua pressão arterial em casa. E continue a seguir as diretrizes de segurança como usar máscaras, manter distância física e evitar grandes reuniões.
O principais manifestações cardiovasculares que indivíduos podem desenvolver após o contagio com a COVID-19 são: miocardite, arritmias, dispneia, fadiga e aumento da FC de repouso.
Tais alterações estão mais relacionadas ao acometimento pulmonar grave e a melhora dos sintomas depende da plena recuperação da capacidade pulmonar que pode levar mais comumente de 8 a 12 semanas.
É importante em indivíduos que apresentaram mais de 50% de acometimento pulmonar e/ou sofreram intubação oro traqueal que se avalia o musculo cardíaco, pois a miocardite pode se apresentar até 12 semanas após o aparecimento do 1 sintoma.
As arritmias cardíacas principalmente a fibrilação atrial e extrassistoles ventriculares decorrem do processo inflamatório ao qual o coração foi submetido e no caso de sintomas deve ser avaliado pelo cardiologista para decidir a necessidade de tratamento.
Já a dispneia, fadiga e aumento da FC se devem a diminuição da capacidade pulmonar e talvez do acometimento cardíaco após afastada qualquer risco de miocardite ou outras doenças cardiovasculares devemos incentivar a fisioterapia respiratória e o retorno as atividades físicas diárias com melhora progressiva dos sintomas
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