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Cardiomiopatia: o que é, sintomas, tratamentos e causas.

Cardiomiopatia é uma inflamação que ocorre no músculo cardíaco, fazendo com que esse músculo aumente e enfraqueça, prejudicando sua capacidade de bombear o sangue do coração, e consequentemente, podendo levar a uma insuficiência cardíaca.


Na maioria das vezes, a cardiomiopatia é uma doença primária e não tem relação com outras doenças cardíacas, mas há suas exceções que merecem atenção e tratamento compatível com cada caso. Não é a enfermidade cardíaca mais comum, mas acomete grande número de pessoas em todo o mundo.

De acordo com associações médicas, cardiomiopatias acometem cerca de 0,2% da população mundial. Se trata de uma doença grave que precisa ser tratada, pois tem elevada chance de morte súbita, uma vez que altera o funcionamento normal do coração. Nem todos os pacientes de cardiomiopatias possuem sintomas, podendo conviver com a doença por anos sem saber.


Tipos de cardiomiopatia e suas causas

Para melhor compreensão sobre a cardiomiopatia é preciso saber que existem alguns tipos dessa enfermidade, que se diferenciam pela origem, sintomas e gravidade. Os tipos de cardiomiopatias são:

Cardiomiopatia hipertrófica: é o tipo mais comum de diagnóstico, do qual há uma alteração estrutural na conformação cardíaca, gerando uma hipertrofia ventrículo esquerdo. A rigidez das paredes faz com que o coração bombeie menos sangue. Quase sempre esse tipo de cardiomiopatia é hereditária ou decorre de uma mutação genética.

Sintomas da cardiomiopatia hipertrófica: comumente os pacientes se queixam de:

  • Angina;
  • Fadiga;
  • Falta de ar, sobretudo após a realização de exercícios físicos e práticas de esportes;
  • Desmaios súbitos, mesmo sem fazer esforço ou estar passando mal;
  • Palpitações.

Como são sintomas comuns a outros problemas cardíacos, ao primeiro sintoma, um cardiologista deve ser procurado para iniciar uma investigação clinica da causa. Isso porque a cardiomiopatia hipertrófica é o principal causa de mortes de atletas, pois pode causar morte súbita, sobretudo em crianças e jovens que ainda não foram diagnosticados.

Cardiomiopatia dilatada: nesse caso os ventrículos do coração aumentam de tamanho, impedindo o bombeamento correto do sangue. Esse tipo de cardiomiopatia é a mais comum a levar o paciente ao desenvolvimento de uma insuficiência cardíaca. Isso porque os ventrículos do coração se dilatam devido ao desgaste celular das câmaras cardíacas.

Consequentemente, ocorre depressão sistólica, gerando a redução do débito cardíaco e da fração de ejeção. Se trata de uma enfermidade que pode acometer qualquer pessoa de qualquer idade, entretanto, é muito mais comum em homens com idades entre 20 a 60 anos.

Causas da cardiomiopatia dilatada: as origens desse tipo de cardiomiopatia são variadas, e ao mesmo tempo, tendem a assustar pacientes em investigação, já que outras enfermidades e até mesmo uma gestação, podem desencadear o problema. As principais causas são:

  • Uso de terapia medicamentosa quimioterápica (tratamento contra o câncer);
  • Consumo de drogas ilícitas;
  • Doenças e distúrbios metabólicos, sobretudo quando descontrolados, como diabetes mellitus, problemas de tireoide e doenças hormonais crônicas;
  • Infecções por coxsackie B, HIV e doença de Chagas;
  • Doenças autoimunes, tais como artrite reumatoide, lúpus e sarcoidose;
  • Em alguns casos, também pode ter origem genética, bem como pode ser desenvolvida durante a gravidez.

Antes do médico diagnosticar o paciente com uma cardiomiopatia dilatada será necessário descartar outros tipos de enfermidades, como doença arterial coronária, lesões orovalvares, hipertensão arterial sistêmica e algumas doenças congênitas.

Os sintomas da cardiomiopatia dilatada são semelhantes a cardiomiopatia hipertrófica, com exceção de inchaço de pés, abdômen e pernas; problemas nas válvulas cardíacas e formação de coágulos sanguíneos nas câmaras do coração.

Cardiomiopatia restritiva: nesse tipo da enfermidade, as paredes ventriculares podem se tornar espessas e rígidas, prejudicando o recebimento de sangue. Há muitas causas da cardiomiopatia restritiva, tais como a doença autoimune sarcoidose, formação de tecido cicatricial (geralmente em decorrência de radioterapia ou alguma inflamação), acúmulo de ferro no músculo do coração, e amiloidose (depósito de proteínas anormais que acometem várias partes do corpo, inclusive o coração) Os sintomas são praticamente os mesmos da cardiomiopatia hipertrófica, além de inchaço nas pernas, pés e abdômen.

Cardiomiopatia arritmogênica: geralmente afeta a arritmogênica do ventrículo direito. Pode gerar arritmias e levar a morte súbita, sobretudo em jovens que possuem bloqueio, total ou parcial do ramo direito. Sua causa é uma herança autossômica dominante.

Cardiomiopatia alcoólica: esse tipo da doença dificulta a capacidade de dilatação e de contração de um ou de ambos os ventrículos do coração. A causa é o consumo excessivo de álcool, ultrapassando 90g por dia, sobretudo em pacientes que consomem bebida em excesso há pelo menos cinco anos. A fração de ejeção reduzida, chegando a ser inferior a 40%, poderá ser considerada alcoólica sempre que não for identificada outra causa subjacente.

Cardiomiopatia por estresse: gera alterações enzimáticas e eletrocardiográficas que mimetizam o infarto agudo do miocárdio, além de acarretar em uma disfunção transitória no segmento apical do ventrículo esquerdo. Em menor frequência, também pode acometer o segmento médio. Seu principal sintoma é a dor torácica anginosa.

Diagnóstico

O diagnóstico de uma cardiomiopatia começa coma anamnese em consultório. Além disso, o médico realizará um exame físico para ouvir o coração do paciente e tentar identificar alguma irregularidade, como impulso cardíaco sustentado ou sopros sistólicos, que por sua vez ocorre quando tem gradiente na via de saída do ventrículo esquerdo crescendo e decrescendo, na borda esternal média e no foco mitral, atenuando-se pela manobra de handgrip, bem como sendo reforçado pela manobra de Valsalva.

O cardiologista ainda poderá solicitar eletrocardiograma e ecocardiograma. Exames complementares a esses poderão ser solicitados se o médico os considerar necessários. Enquanto o eletrocardiograma poderá identificar uma hipertrofia do ventrículo esquerdo, o ecocardiograma mostra o movimento sistólico anterior na valva mitral, obstrução dinâmica na via de saída do ventrículo esquerdo e hipertrofia septal assimétrica.

No caso de suspeita de cardiomiopatia restritiva, uma biópsia endomiocárdica poderá ser realizada para descobrir alterações endomiocárdicas.


Tratamento

É importante ressaltar que o tratamento depende do tipo de cardiomiopatia, uma vez que em muitos casos é necessário tratar concomitantemente a causa subjacente da doença para melhor resultado. De uma forma geral, o tratamento de cardiomiopatias consiste no uso de terapia medicamentosa que visa atenuar ou retroceder a causa da doença, bem como o uso de anti-inflamatórios, como corticoides, e de medicamentos para tratar uma eventual insuficiência cardíaca que venha a se desenvolver em razão da cardiomiopatia.

Além disso, o médico cardiologista poderá indicar, a depender de cada caso, o uso de marca-passo em pacientes que possuem elevado risco de morte súbita ou que possuam ritmo cardíaco anormal. Quando há insuficiência cardíaca, um transplante cardíaco poderá ser considerado.

Dr. Ricardo Contesini

Médico cardiologista esportivo, especialista em cardiologia do esporte. Pós graduado em medicina esportiva pela Universidade Federal de São Paulo.

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